Os directores do FMI, no comunicado de 2 de Dezembro, deixaram claro as suas preocupações com o estado da economia de Cabo Verde. Apesar de muito comedidos nas palavras não se abstiveram de referir de que a análise feita pelo staff técnico do FMI considerando o escudo em linha com os fundamentais da economia está sujeita a um elevado grau de incerteza. Por isso, e já em antecipação do que pode vir a acontecer, saudaram a intenção do Governo de Cabo Verde de, a partir de 2011, acabar com a política orçamental expansionista, diminuir os empréstimos estrangeiros e adoptar, até o mês de Junho de 2011, uma estratégia de gestão da dívida para o médio prazo . É o aperto do cinto. As preocupações dos directores do FMI não terminam aí. Chamam a atenção para a importância de se tomar decisões criteriosas no uso dos fundos concessionais disponíveis e de se seleccionar projectos na base de irem ao encontro de objectivos pró-crescimento económico e de luta contra pobreza. E reforçam a necessidade de se promover crescimento da produtividade do sector privado nacional para se dar um outro impulso à competitividade. Justifica essas preocupações a constatação de que até agora o grosso dos investimentos realizados deixou as empresas nacionais de lado e não criou emprego significativo. A competitividade de Cabo Verde manteve-se a níveis baixos como testemunha o relatório do Fórum Económico Mundial e é confirmada pela fraca evolução das exportações. Um outro aspecto inquietante é o facto de que com o fim do estímulo já anunciado não há sinais de investimentos privados a aproveitarem-se das novas infraestruturas e, nessa medida, a substituírem o investimento público como motor de crescimento da economia nacional. A conjugação desses factores poderá conduzir a uma situação ainda pior para milhares de caboverdianos que não vêem perspectivas de emprego a curto prazo e já sentem o impacto da diminuição das remessas dos emigrantes no rendimento das famílias. O quadro actual de pouca dinâmica das exportações e de dificuldades na atração de capital directo estrangeiro, tem levado o BCV, segundo o comunicado do FMI, a gerir o peg do escudo no euro pela via de estabilização das remessas e depósitos dos emigrantes e de restrição do crédito ao sector privado nacional, para evitar aumento das importações. Tal restrição de crédito não deixa, porém, de ter impacto negativo na dinâmica económica. O FMI ainda alerta para o perigo de ataque de capitais especulativos do chamado "hot money", potencialmente destabilizadores, devido ao facto de nas condições actuais se defender o Acordo Cambial, mantendo taxas de juro muito superiores ao EURIBOR. Concluindo, pode-se dizer que, terminado o estímulo à economia, com défice orçamental a 15% e dívida pública a aproximar-se de 100% do PIB, vai-se passar a um período de aperto com fortes restrições nas despesas e investimentos, sem que ninguém em consciência diga que os custos do estímulo justificaram os benefícios dele retirados. O crescimento foi raso, não se criaram mais empregos e a pobreza aumentou. O ano de 2011 poderá revelar-se pior com as medidas de contenção já anunciadas e tornadas incontornáveis por motivos de gestão do défice e da dívida. Será que a gestão do Governo está-se a tornar um caso de moral hazard em que tudo se arrisca apostando que Cabo Verde “is to small to fail”?
Este Governo embarcou numa politica IMPRUDENTE, alimentada pelos "pacotes" de financiamentos que empresas "camaradas" trouxeram até aos responsaveis. Ficaram cegos com tanta bonança e pelas perspectivas de "acertos directos" e respectivas contrapartidas emfavores e presentes.
ResponderEliminarAs empresas fizeram seu papel, enquanto este Governo não soube defender os interesse nacionais. Não soube ou não quis avaliar os impactos para o país dos investimentos (Custo/beneficio); Não soube ou não quis levar em consideração o contexto internacional e o risco existente; Hipotecou o país até á ponta dos cabelos e corremos o risco de ficar com imensos "elefantes brancos"; O alto endividamento cria dificuldades em obter novos financiamentos, que serão necessários á correção dos desequilibrios criados. Os próximos tempos serão dificeis pela IMCOMPETÊNCIA de um Governo que sabe GASTAR, empurrar os problemas com a barriga, arrumar numeros para "ingles ver" mas não consegue apresentar resultados que garantam a SUSUTENTABILIDADE do país, um FUTURO DIGNO para os Caboverdianos, uma base produtiva que garanta alguma riqueza, emprego para a população. Tomou decisões ERRADAS e continua ESCONDENDO A GRAVIDADE DA SITUAÇÃO com uma chuva de MENTIRAS. Este Governo não está preparado para Governar um país como Cabo Verde, muito menos em épocas que exigirão uma politica inclusiva e onde se prevêm necessidade de sacrificios para corrigir o que de mal foi realizado.