Segundo o governo.cv o Primeiro-Ministro José Maria Neves, na inauguração da central fotovoltaica deu “um grito de revolta contra o jogo da oposição”. Grande surpresa. Gritos de revolta do Dr José Maria Neves contra a Oposição ouvem-se desde dos primeiros dias do seu mandato como Primeiro Ministro, em 2001. Por isso, o mise-en-scène da terça feira é parte do teatro que o PAICV faz constantemente para justificar que de facto não tem uso para a Oposição. E como confunde-se com o País, não consegue descortinar que ganhos a existência de partidos de oposição traz a Cabo Verde: A oposição é negativa, bloqueia, atrasa as coisas, não defende os interesses do país, tem associações criminosas, é contra a ajuda de países estrangeiros etc, etc. Aliás, na lógica dele, Cabo Verde não ganha com qualquer crítica. Nem com críticas a contractos assinados que não criam empregos e não desenvolvem empresas nacionais. Nem com outras, por exemplo, dirigidas à qualidade do ensino. Também o Primeiro-Ministro tinha ficado indignado com críticas que pais, professores, alunos, investidores, empresários e toda a sociedade fazem ao sistema ensino. Na televisão todos ouviram seu grito de revolta: Quem diz que o ensino em Cabo Verde não tem qualidade está a ofender a classe docente. Ontem era a classe docente. Hoje é Portugal que está a ser ofendido. Amanhã será outra pessoa, entidade ou país porque alguém questiona algo que se está a fazer a pensar fazer. O Governo continua no seu jogo de desresponsabilização. Pressionado, acusa, foge e esconde-se por detrás dos que, para seu proveito, põe o rótulo de ofendidos, com o único objecto de escapar de ser “chamado à pedra” pelo que faz.
O Sr. Primeiro Ministro deveria antes explicar o porquê de ter optado por um equipamento de resultados duvidosos e por ora francamente insuficientes face à grave penúria energética que o País atravessa. Investir 19 milhões de euros para conseguir somente a produção de 5 MW (que oscilará no final entre 4 e 4,5) é que é um grande escândalo!!! Solução que leva a pensar em "luvas" para os que conseguiram essa linha de crédito e foram comprar painéis baratos e acessórios a outros lados. Esse equipamento ficou, mesmo sem termos a ideia exacta das suas características, porque o Governo não deixou saber, em cerca do dobro do seu custo, na Europa, sem incluir as empresas da China que apresentam valores mais baixos. É uma questão de se inquirir do custo de um MW produzido por células fotovoltaicas nos mercados internacionais. O que está em causa são os tortuosos meandros que este Governo utiliza nos negócios com essas Empresas e da forma como adquire esses créditos que muito custarão no futuro aos caboverdeanos a pagar. Durante anos, quando na oposição, o Paicv utilizou de vil xenofobia, especialmente contra os portugueses e suas empresas, para "propagandear" que o MPD lhes vendia e entregava "graciosamente" o País. O slogan de campanha "Por Amor à terra" apareceu essencialmente contra Portugal. Visava empresários lusos. E agora vêm, com despudorada propaganda e falsidades, escamotear, os legítimos reparos, críticas e suspeições, normais em democracias, que o povo caboverdeano faz ao Governo. O que se quer saber é de como este Executivo do Zé Maria vem endividando Cabo Verde com projectos não prioritários, não os mais desejáveis e razoaveis, a portas fechadas e em sucessivas adjudicações directas acertadas por quem "arranja" (o facilitador, ou melhor broker) o empréstimo e o Primeiro Ministro e o Ministro que decidem...Ninguém tem nada contra os portugueses, bem antes pelo contrário. Mais, a alta representante de Portugal na Praia pelo menos deveria saber disso e comportar-se de forma mais isenta em relação à nossa liça doméstica eleitoral...caso o contrário deixará uma difícil tarefa ao seu sucessor e aos locatários do Palácio da Necessidades.
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