A TCV, no domingo, fez uma reportagem colhendo reacções do público sobre o momento político vivido no país. Alguns entrevistados deploraram o que consideram ser o recrudescer da crispação já vísível na vida política nacional e criticaram o supostamente arranque antes de tempo da campanha. Parece que não notaram que o elemento novo no quadro descrito é a actividade da Oposição. O Governo e o PAICV há mais de um ano que têm estado activos na pré-campanha para as legislativas. De facto, quando o Governo descobriu que não ia conseguir cumprir as promessas da legislatura, crescimento a dois dígitos e desemprego a um dígito, deixou realmente de governar para passar a gerir as expectativas das pessoas. Com o objectivo claro de ganhar as próximas eleições, lançou-se na maior operação de propaganda de sempre. Rádio, televisão revistas, folhetos, outdoors, tudo tem sido utilizado para passar a mensagem. Está-se nisso há mais de um ano e meio. A oposição só começou a fazer-lhe frente nestes domínios a partir de Julho/Agosto deste ano. Vozes que não se tinham pronunciado, quando o Governo estava sozinho a fazer campanha, agora manifestam-se com as tentativas de resposta da Oposição. Também os que nada disseram sobre o uso abusivo dos recursos públicos e do dinheiro do Estado na campanha partidária do governo agora questionam de onde vem o financiamento da oposição. O que é esperavam? Que a sociedade caboverdiana não conseguisse mobilizar recursos para dar voz a posições discordantes no seu seio e assim financiar a sua própria democracia? Sente-se claramente que, em certos círculos, o pluralismo ainda incomoda. Procura-se mostrar que o pluralismo só traz desperdício de recursos de tempo e de meios e provoca divisão. Não há críticas se é o PAICV sozinho a dominar o palco na sua permanente ofensiva para dominar a sociedade, controlar a memória e reescrever a história. Se aparecem vozes discordantes que se opõem às suas ideias e projectos começa-se logo a falar de crispação e de divisão. E mais uma vez se tenta levar a população a repudiar o exercício do pluralismo, que é a garantia da sua liberdade, com ataques furtivos às suas manifestações.
A Reportagem a que se refere é da nossa autoria e não é, nem de perto nem de longe, um ataque dissimulado! Em reportagem anterior, na mesma rubrica (Reporter do Dia)falamos, em certa altura, das sucessivas investidas propagandisticas do governo/PAICV nos orgãos de comunicação social do estado, o que originou posteriormente a recção do MPD. Pluralismo também inclui oxigenio cidadão, e a ideia da reportagem é simplesmente essa: olhar por onde param os outros actores, nesse duelo de gigantes.
ResponderEliminarComeço por pedir desculpas por só agora ter visto o comentário. Nestes últimos dias nem tido tempo de cuidar adequadamente do blog. Para dizer à "Pura eu" que não acusei a TCV nem a autora do programa. No "post" referi-me à posição de alguns entrevistados. A leitura que fazem coincide com a de alguns outros que , esquecendo que as partes não estão em pé de igualdade - há Governo e há oposição,colocam-se numa posição em que todos parecem igualmente culpados e responsáveis por tudo no País. É normalmente uma forma dissimuldada de desculpar quem tem o mandato para manter o sistema a funcionar de acordo com as regras ao mesmo tempo que assume a responsabilidade por promessas não cumpridas e metas não atingidas. Só se nivela o terreno para os "players" em periodo eleitoral durante o qual exige-se das autoridades e instituições do estado que se mantenham neutras e primarem pela isenção e imparcialidade.
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