A competitividade de Cabo Verde foi pela primeira vez avaliada pelo World Economic Fórum. Ficou em 117º lugar num total de 139 países. No continente africano ficou atrás de 16 países: Tunísia, África do Sul , Maurícias, Namíbia, Botswana, Ruanda, Argélia, Gâmbia, Líbia, Benim, Senegal, Quénia, Camarões, Tanzânia, Gana e Zâmbia. Claramente está-se perante um fiasco de todo o tamanho. Fiasco tornado maior pelo facto do Governo do PAICV, há sete anos atrás, ter criado um ministério para o crescimento e a competitividade. No domínio económico não atingiu as metas prometidas porque o crescimento situou-se sempre abaixo do potencial do país, tirando o ano de excepção que foi 2006 com os exercícios da NATO e os anos, 2007 e parte de 2008, de grande entrada de capitais estrangeiros, no pico do “boom” mundial. Confirma-se agora que a outra promessa de maior competitividade externa também não foi cumprida. O estudo governamental “Análise dos Constrangimentos” já tinha revelado os escolhos, designadamente nos domínios financeiro, de educação e formação e de transportes e comunicações, onde a agenda de transformação do governo deixara-se encalhar. O relatório do Fórum Económico Mundial vem reforçar as conclusões desse estudo com a má avaliação de Cabo Verde nos factores que mais contribuem para a competitividade no seu grupo de países. Mesmo no que respeita à estabilidade macroeconómica Cabo Verde não está bem classificada. Inflação é o único factor que dá alguma vantagem comparativa, mas aí sabe-se que as razões não são primariamente da governação mas decorrem essencialmente da disciplina imposta pelo Acordo Cambial com Portugal e a União Europeia. O relatório define a competitividade como o conjunto de instituições, políticas e factores que determinam o nível de produtividade de um país. Como se pode ver pelo gráfico só em meados de 1994 é que Cabo Verde conseguiu crescer acima da média dos países africanos. São os anos em que com a Constituição de 1992 e a passagem da economia estatizada para uma economia de base privada, novas instituições elevaram o potencial de crescimento do país para um patamar mais elevado. Depois de 2000, para se manter o nível de crescimento era necessário o uso de factores indutores de eficiência na economia: uma maior aposta na qualidade do ensino particularmente no secundário; o aumento da eficiência dos mercados com a diminuição do informal e aumento da concorrência; suficiente vontade política para firmar um pacto que viabilizasse a flexibilidade do mercado de trabalho; supressão de constrangimentos ao desenvolvimento do mercado financeiro e uma atitude proactiva de procura de mercados passando pela unificação do mercado interno e pelo promoção de exportações. Mas aí é o fracasso que o relatório põe a nu. Conclusão: uma década perdida. As consequências vêem-se no nível fraco de investimentos privados internos e externos e na incapacidade de criar um número de postos de trabalho que diminua significativamente o desemprego.
Gostei dos tópicos abordados no artigo. O índice dá pistas sobre as prioridades do próximo Executivo. Mas tenho algumas objecções.
ResponderEliminarEm minha opinião, aquilo que o gráfico mostra é uma evolução constantemente positiva. Sustentável, pode-se dizer. Também mostra que era previsível o alcançar do crescimento acima da média dos países africanos.
Naturalmente, julgo não ser correcto dizer que tal aconteceu por causa dos "anos em que com a Constituição de 1992 e a passagem da economia estatizada para uma economia de base privada, novas instituições elevaram o potencial de crescimento do país para um patamar mais elevado".
A década de oitenta foi de crescimento médio de cerca de 5%. O regime passava pelo mesmo tipo de estagnação económica que viviam outras economias estatizadas , designadamente a União Soviética. Assim com Gorbachov tentou a “perestroika” para retirar o país de um crescimento anémico, também o regime do Paicv, no mesmo momento, tentou a chamada “extroversão da economia” com o mesmo objectivo. A realidade é que vinham demasiado tarde. Os regimes padeciam de um mal estrutural. Para crescer de novo teria que haver alteração institucional libertadora da iniciativa e criatividade individual. É o que se passou, Já tinha acontecido na China de Deng ao nível económico, e , a partir de 1989, aconteceu em vários países em diferentes continentes. Um outro exemplo é a Índia, que embora seja uma democracia sofria da chamado “taxa de crescimento hindu” nos 3%. Com as reformas que reestruturaram e a liberalizaram a economia passou a 6%, 7%, 8 e mais %. Cabo Verde mudou nas mesma onda que muitos outros países fizeram na época, o que chama atenção para o facto de que somos parte do todo. Não tivemos partido único “especial” nem regime económico que não sofre das mesmas mazelas que regimes similares noutros pontos do planeta. O regime tal como existia emergiu dentro de um padrão com manifestações globais e desapareceu quando tal padrão de organização política social e económica desmoronou. Os outros dois gráficos deixam ver como o país passou a crescer num outro patamar, a exemplo de países que com uma constituição democrática, e a liberalização da economia retomaram o crescimento económico, mas a níveis elevados.
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