O presidente da Câmara da Praia exigiu do Governo uma Declaração de Emergência para a capital do País. Segundo o autarca “4 mil famílias, nos diversos bairros da Praia, estão na eminência de assistirem ao desabamento das suas casas. A resposta do Governo veio rápida e confrontacional. Relembrou desavenças anteriores, culpou a câmara por insuficiências várias e deu conselhos despropositados. A bancada municipal do PAICV, mais uma vez ,esqueceu-se das razões para que foi eleita e saiu em defesa do Governo, como se alguém o estivesse a atacar. Os munícipes ficaram sem saber se o Governo concorda, ou não, que há uma situação de emergência. E no caso de concordar como tenciona agir para evitar perdas e conter potenciais estragos. As chuvas estão aí e não são precisos estudos para ver o risco que correm milhares de pessoas, em caso de inundações. O assunto é demasiado grave para ser transformado em mais um “round” do boxe institucional entre o Estado e o Poder Local, em mais uma disputa partidária na antevéspera de eleições ou em mais uma corrida de se saber “quem fez ou disse primeiro”. O Governo tem responsabilidade primeira para com o País e os caboverdianos. Qualquer comunidade no território nacional pode sofrer calamidades. Á partida, os municípios não têm nem os recursos nem os meios para tais situações de excepção. A solidariedade do País tem que ser mobilizada e o Governo é o instrumento para isso. Não pode furtar-se a isso, desculpando-se com contendas politico-eleitorais até porque a Câmara da Praia só vai a eleições em 2012. E solidariedade precisa-se. Estão em jogo vidas humanas, propriedade e meios de vidas das pessoas. Todos conhecem a realidade da Praia. Cresceu muito depressa, sofre de grandes problemas designadamente no plano urbanístico, de saneamento, de segurança, de água e de energia. Ninguém espera que problemas, acumulados durante as décadas de má gestão do espaço urbano desde da independência 1975, sejam atirados por cima das costas de qualquer equipa camarária. Particularmente quando se insiste com uma política de ultra-centralização do país que agrava os problemas da capital, a todos níveis. Só por aí se vê como o governo não pode esquivar-se à responsabilidade do que se passa na Praia, seja quando a cidade confronta o problema das chuvas, seja quando lida com o problema dos apagões, da dengue e da segurança. Nos investimentos que fez nem sempre acertou no que era prioritário e foi incapaz de aliviar a pressão migratória em direcção à cidade.
Caríssimo.
ResponderEliminarTenho lido o seu blogue com alguma regularidade e tenho encontrado coisas em relação aos quais discordo e coisas que também concordo.
Em relação à Praia temos que ir ao programa de governação apresentado por Ulisses Correia e Silva e vermos o que ele prometeu para resolver estes tipos de problemas o que na prática está a fazer. Se fizermos tal exercicio vamos encontrar muitas surpresas. Ninguém de boa fé se disponibiliza para dialogo com ataques na comunicação social sempre que as chuvas caem. Ninguém de boa fé e que quer dialogar vai à comunicação social lançar um violento ataque ao governo aproveitando a ausencia do primeiro ministro (em visita oficial ao vaticano). Denunciar esta postura não pode ser considerado um simples acto de defesa do governo.
A verdade é que todas as autarquias (sem excepção) estão com as mãos estendidas à espera que o governo ponha mais alguma coisa. Não é um problema exclusivo da Praia. Mas ulisses Silva precisa definir uma linha, ele não pode hoje dizer que "prefere viajar e procurar apoios do que ficar a mendigar recursos do governo" e passado alguns meses vir a publico dizer exactamente o contrário. Eu não vejo nenhuma relação de incompatibilidade entre defender algumas realizações do governo e a defesa dos interesses dos municipes da capital, da mesma forma que respeito a posição da outra bancada em defender a autarquia e nunca o considerei um acto antipatriótico.
Temos defendido os nossos ponto de vista sem ofender ninguém, sem avaliações de caracter pessoal e sem lançar suspeições ou acusações sem prova na praça pública.
Caríssimo, estou sempre aberto ao diálogo, estou sempre diposto a trocar experiencias e sobretudo a aprender com pessoas com outras experiencias e pontos de vista diversas da minha.
Atenciosamente,
Vladmir Silves Ferreira
Líder da Bancada Municipal do PAICV - Praia