terça-feira, 15 de março de 2011

Presidenciais: Partido impõe-se

No sábado, dia 12 de Março, o Paicv escolheu o Eng. Manuel Inocêncio como seu candidato presidencial. Foi surpresa geral. Vários factores apontavam para o Dr. Aristides Lima como sendo o favorito. Estava à frente nas sondagens, facto comprovado pelos dados da Afrosondagem publicados um dia antes da reunião do Conselho Nacional em vários órgãos de comunicação social. Beneficiava de grande notoriedade nacional em virtude do exercício durante dez anos do cargo de Presidente da Assembleia Nacional e ter lançado a candidatura há dois anos atrás, em Fevereiro de 2009. Pelo contrário o Eng Inocêncio foi o último dos três candidatos do PAICV apresentar-se e as suas movimentações só se iniciaram em Fevereiro de 2010. Em relação à viabilidade da sua candidatura houve sempre cepticismo. Dava-se como facto que “originários de S. Vicente nunca seriam eleitos presidente da república”. A carta do regionalismo tem sido usada nas lutas por lugares nos órgãos dos dois grandes partidos para bloquear ascensão de uns e dissuadir outros das suas pretensões ao mesmo tempo que se faz avançar uns tantos com credenciais julgadas certas. Pela decisão de sábado vê-se que a lógica regionalista apesar de bem presente não prevaleceu sobre a do partido. A lógica também perversa de partidarização do Estado impôs-se e a vontade da cúpula do partido em ocupar os pontos cimeiros ganhou. Para o cargo de presidente da república optava-se pelo vice-presidente do Paicv, Eng. Manuel Inocêncio. No dia anterior, o outro vice presidente, o Dr. Basílio Ramos, tinha sido eleito presidente do parlamento. Com o Dr José Maria Neves já no cargo de primeiro ministro o triunvirato na direcção do PAICV de 2000 transporta-se completamente para o Estado e assegura posições chaves nos órgãos de soberania. Não podia haver maior exemplo de partidarização das eleições presidenciais. Mas na linha do que o PAICV já habituou os caboverdianos, o dr José Maria Neves, dois dias antes dizia: Não podemos partidarizar a questão presidencial. Temos de despartidarizar. Gostaria de contar com o apoio forte da imprensa, para fazermos pedagogia política relativamente a esta matéria”. Questionado pelos media se estaria a criticar o Dr. Aristides Lima, declarou de seguida: “Não crítico absolutamente ninguém. Falo em abstrato de ideias, valores e princípios sobre o futuro”. Viu-se como é. O aparentemente favorito ficou para atrás perdendo para ala partidária que está com o vencedor das eleições legislativas. A pressa do MpD em descartar a possibilidade de uma candidatura do Dr. Carlos Veiga e em indicar candidato presidencial facultou ao PAICV toda a informação necessária para sua tomada de decisões. No contexto assim clarificado, todos os candidatos se viram viáveis e a lógica do presidente do partido sobrepôs-se a todas outras.

2 comentários:

  1. O MPD será um partido de ingénuos ou burros? Estarão cometendo erros de palmatória, na estratégia presidencial? Para qualquer analfabeto era óbvio que se devia esperar pelos movimentos do PAICV, antes de anunciar um candidato, mas só vocês é que sabem as razões das vossas decisões. O PAICV tem a vida facilitada e JMN ficou mestre do jogo. A menos que haja outras jogada no seio do MPD, que te ultrapassam, que o líder avance, empurrado por uma ‘vaga de fundo’, e apanhando todos de surpresa, inclusive a ti. Também pode acontecer que O MPD tenha antecipado este cenário, e se aposte na tese regionalista, a derrota de Manuel Inocêncio por um candidato santiaguense Jorge C Fonseca. Se estes não são os cenários, a estratégia da líderança parece primária ou incompreensível, a menos que a derrota do MPD já é um facto aceite. Neste caso levantam-se muitas dúvidas sobre este partido e a sua penetração real no país.

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  2. Naturalmente, a classe e o sistema politico-partidário cabo-verdiano vive em constante estado de hipocrisia e, por isso, nunca tivemos e não teremos candidatos independente, apartidários e em nome da cidadania nos próximos tempos.

    A finalizar, pelo cargo que é, acho que todos os nomes (sem excepções) que vieram à baila nos últimos dias, e que no fundo gostariam de participar, deviam ir votos ao invés de ficar à espera da boleia partidária.

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