sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Campanha a partir do Palácio do Platô

Sob o disfarce da apresentação dos cumprimentos ao Presidente da Republica, no início do Novo Ano, o Sr. Primeiro Ministro fez no dia 6 de Janeiro o balanço da sua governação numa perspectiva clara de campanha com vista às eleições legislativas marcadas para 6 de Fevereiro. A Constituição estabelece claramente que o Governo é politicamente responsável somente perante o parlamento. Não há pois cabimento constitucional para apresentação de balanços de governação ao PR. No parlamento, a apresentação do estado da Nação é seguida de discursos dos outros partidos e de um debate no contraditório. O que se assistiu na quinta-feira foi mais um expediente do PAICV: o Dr. José Maria Neves a falar sozinho e sob os holofotes de toda comunicação social, particularmente da rádio e da televisão públicas. Um privilégio dado pelo Primeiro Ministro ao líder do partido no governo num período já de campanha em que as leis eleitorais exigem neutralidade e imparcialidade das autoridades. É um jogo a que os cabo-verdianos vêem assistindo neste período. Os pretextos variam: se não é um balcão qualquer que se está a inaugurar, é um novo comunicado do MCC que se está celebrar ou então a chagada do catamarã que põem todo o mundo em polvorosa. O PAICV, via Governos e os seus titulares, faz campanha rija e descarada enquanto cinicamente exige que os outros se contenham e não ultrapassem os limites fixados pela lei eleitoral. A consolidação da democracia passa por fazer os cidadãos acreditar que é possível fazer política com honestidade, verdade e “fair play”. Há quem insista em fazer crer o contrário.

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